As Câmaras e seus Protestos

Protesto na Câmara de Daidema, na última quinta (6) (Foto: Carlos Carvalho / Zoom no Mundo)

Protesto na Câmara de Daidema, na última quinta (6) (Foto: Carlos Carvalho / Zoom no Mundo)

O Brasil vive uma crise financeira e isso é muito claro e óbvio, basta ver os cortes que os governos municipais, estaduais e o federal estão fazendo devido à falta de dinheiro. A consequência disso é uma nova crise política que assola a todos devido à falta de credibilidade com a população dos entes políticos e somado a isso à falta de noção de alguns quem colocam projetos que mesmo legais, acabam sendo imorais devido a situação que o país vive.

As Câmaras Municipais estão servindo de exemplo disso. Muitas cidades estão votando os reajustes dos salários de seus legisladores. Mas diferente de outras épocas, onde tudo acabava passando sem que ninguém percebesse, hoje algumas cidades estão demonstrando que estão atentas.

Cada caso tem uma característica, mas quase todos têm o mesmo final. O primeiro caso de repercussão nacional foi em Santo Antônio da Platina (PR), onde os vereadores aprovaram uma lei de aumento de salários para os legisladores, o prefeito e o vice a partir de 2017. O próximo prefeito ganharia R$ 22 mil ao invés dos atuais R$ 14,7 mil. O presidente do legislativo teria o salário aumentado de R$ 4 mil para R$ 8,5 mil, e os demais vereadores ganhariam R$ 7,5 mil, sendo que ganhavam R$ 3,7 mil.

A proposta foi aprovada em primeira votação, mas um vídeo acabou mudando a história. Uma comerciante que passava pela Câmara viu a aprovação do projeto e reclamou com os vereadores. Outro munícipe acabou gravando a cena e disponibilizou na internet. O ‘viral’ acabou virando um sucesso e os moradores foram até a Câmara para pressionar os vereadores.

Resultado, os salários foram diminuídos. A partir da próxima legislatura o prefeito ganhará R$ 12 mil e os vereadores passam a ganhar R$ 970.

Nessa semana outros casos aconteceram. Em São Paulo (SP), um grupo de moradores protestaram contra a criação de 660 novos cargos comissionados na Câmara. Cada vereador atualmente tem 18 assessores, e teriam a chance de contratar mais 12. Segundo a Mesa Diretora, os 660 novos cargos não vão aumentar a verba de gabinete que é de R$ 130 mil.

Em Jacarezinho (PR), o presidente da Câmara, Valdir Maldonado (PDT), não quis colocar em votação um projeto para diminuir o salário dos vereadores de R$ 6,2 mil para R$ 788. Com o protesto da população Maldonado teve que sair da Casa de camburão.

Outro caso eu presenciei de perto. Em Diadema (SP), os vereadores aprovaram em julho um aumento de 49% nos salários dos legisladores a partir de 2017. De cerca de R$ 10 mil passaria para um pouco mais de R$ 15 mil (sem contar os descontos de imposto). O projeto de lei não estava na ordem do dia da sessão. O fato causou uma série de críticas através das redes sociais.

Entidades ligadas aos advogados e comerciantes emitiram notas repudiando a decisão. Na volta do recesso, na última segunda-feira (3), os vereadores resolveram marcar duas sessões extraordinárias para o dia seguinte.

Com apenas 15 pessoas assistindo, os vereadores revogaram o projeto, assim pela segunda legislatura seguida não houve o aumento de salário dos legisladores.

Mesmo com a decisão, os munícipes mantiveram a manifestação na sessão ordinária da última quinta-feira (6). O clima foi quente. Todos os vereadores foram alvo de algum tipo de protesto. O fato fez com que todos aqueles que estavam inscritos para falar na tribuna retirassem o nome da lista. A sessão que geralmente dura quatro horas, durou apenas 60 minutos. CONFIRA NO VÍDEO ABAIXO ALGUNS TRECHOS.

Em nenhuma das situações acima esteve um partido ou uma ideologia como alvo solitário dos protestos, pois as decisões vão muito além disso.

Cada vez que um projeto que onera a cidade, o estado ou país é aprovado, a conta é paga pelo contribuinte. Infelizmente muitos políticos não pensam nisso e aprovam esse projeto com objetivo de minar as forças de um governo e aumentar as suas forças, mas acabam “condenando” o povo a trabalhar mais para pagar mais em uma época em que cada centavo é sagrado.

A “briga” política que existe no Brasil na prática só prejudica a população. Além de nos fazer pagar cada vez mais caro pelas disputas desses grupos que tentam passar para a população a ideia de que querem o melhor para o povo, mas que na verdade querem que o povo “se lasque”.

E o pior, muitos de nós acabam entrando nessa “conversa para boi dormir” e servindo de “soldados” de uma guerra onde não existem vencedores.

Sim, temos problemas, graves problemas, mas não adianta nada trocar farpas. O Brasil precisa de ideias para votar a crescer e não de trocas infundadas de palavrões que não vão nos levar para um bom lugar.

Precisamos pensar o Brasil na prática e não na teoria. Pensar e executar aquilo que realmente precisamos e não fortalecer uma meia dúzia que “brigam pelo povo” na frente das câmeras, mas que nos bastidores cada vez mais só pensam em seus bolsos.

Até quando vamos cair nessa ladainha geral? Só Deus sabe.

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